«Orgânico» por José Miguel Reis
FOTÓGRAFOS NA CONFEITARIA 3.0 – 13 JULHO'24
A fotografia que apresento faz parte de um trabalho que tenho vindo a desenvolver há vários anos e que será publicado muito brevemente.
Baseia-se no conceito wabi-sabi, «um ideal estético japonês com raízes no Zen Budismo, que pode ser definido como “a beleza das coisas imperfeitas, impermanentes e incompletas; a beleza das coisas modestas, simples e não convencionais”» [KOREN, 1994, p. 7].
O wabi-sabi «enfatiza a aceitação da natureza efémera e imperfeita da vida. Wabi significa simplicidade, elegância e «rústico», e sabi traduz a beleza da idade, do desgaste e das rugas do tempo».
Tento, assim, captar o «imperfeito» no orgânico «em contraponto com a ideia de perfeição que se tornou uma obsessão no mundo ocidental, levada ao extremo nas sociedades capitalistas, que vêem com desconfiança toda a relação e experiência que não são filtradas segundo os processos simbólicos do consumo» [ERICSON S. CLAIR e JOÃO RIBEIRO, in Poiesis, n.º 28, p. 205-218, 2016].
As imperfeições de uma raiz, de uma planta ou de uma folha em fim de vida permitem contemplar e registar as suas belezas escondidas, que intensificadas pelos traços de luz incidentes, provocam experiências emocionais profundas e intensas.
O «feio» torna-se, pois, «belo» e «perfeito»!
[Impressão jato-de-tinta com tintas ecológicas Latex em papel fotográfico. Dimensões: 150 x 110 cm]
José Miguel Reis – Nota biográfica
Moçambique, anos sessenta.
Produtor gráfico, editor e designer, utiliza a fotografia no seu âmbito profissional, que tem passado pelo uso de imagens suas em imensas e diversas publicações – livros de poesia, de ficção, de ensaio, brochuras institucionais, catálogos, guias e álbuns temáticos relacionados com o património, a arquitectura, a cidade, os espaços e os lugares.
Destacam-se, entre outras, as obras «Prontuário Toponímico Portuense», «Restauro dos Órgãos da Sé Catedral do Porto», «Ponte Luis I», «Estação de S. Bento/ Marques da Silva», «O Convento e a Venerável Ordem Terceira de São Francisco do Porto», «Alberto Péssimo – Ossos do Ofício» e «Guarda. Das origens à actualidade».
Desde muito novo que se dedica à fotografia nas suas variadas técnicas e expressões, desde as mais ancestrais, como a Camera Obscura, a Pinhole, a Cianotipia, a fotografia analógica, até aos actuais processos digitais.
Numa vertente mais criativa e conceptual tem procurado incessantemente o registo de imagens onde a natureza, através da luz incidente e reflectida, destaca a pureza efémera das suas linhas e formas orgânicas.
Dá formação em workshops temáticos, procurando aí encontrar dinâmicas de pesquisa e partilha com outros aficionados da fotografia.
Está representado em colecções particulares e tem participado em exposições individuais e colectivas.
«Organic» by José Miguel Reis
The photo I present in the exhibition is part of a work that I have been developing for several years, which will be published very soon.
It is based on the concept of wabi-sabi, «a Japanese aesthetic ideal with roots in Zen Buddhism which can be defined as “the beauty of imperfection, impermanent and incomplete things; the beauty of modest, simple and unconventional things”» [KOREN, 1994, p. 7]. Wabi-sabi «emphasizes acceptance of the ephemeral and imperfect nature of life.» Wabi means simplicity, elegance and «rustic», and sabi translates the beauty of age, wear and tear and the wrinkles of time.
I try to capture the «imperfect» in the organic «as a counterpoint to the idea of perfection that has become an obsession in the Western world – taken to the extreme in capitalist societies – which view with suspicion every relationship and experience that is not filtered according to the symbolic processes of consumption» [ERICSON S. CLAIR and JOÃO RIBEIRO, in Poiésis, no. 28, p. 205-218, 2016].
The imperfections of a root, a plant or a leaf at the end of its life allow us to contemplate and record their hidden beauties, which, intensified by the incident rays of light, provoke deep and intense emotional experiences.
The «ugly» becomes, thus, «beautiful» and «perfect».
[Inkjet printing with ecological Latex inks on photographic paper. Dimensions: 150 x 110 cm]
JOSÉ MIGUEL REIS – Biographical note
Mozambique, 1960s.
Graphic producer, graphic designer and publisher, Reis uses photography in his professional context, using his own images in several publications – poetry and fiction books, essays, institutional brochures, catalogues, guides and thematic albums related to heritage, architecture, the city, spaces and places.
Some highlights of his work include «Prontuário Toponímico Portuense», «Restauro dos Órgãos da Sé Catedral do Porto», «Ponte Luis I», «Estação de S. Bento/ Marques da Silva», «O Convento e a Venerável Ordem Terceira de São Francisco do Porto», «Alberto Péssimo – Ossos do Ofício» and «Guarda. Das origens à actualidade».
From a very young age, Reis has devoted himself to photography and its various techniques and expressions, from the most ancient, such as the camera obscura, pinhole, cyanotype, and analog photography, to the current digital processes.
In a more creative and conceptual side, Reis has been constantly seeking to register/capture images highlighting the ephemeral purity of nature’s organic lines and forms, by means of incident and reflected light.
By lecturing thematic workshops, Reis seeks to establish research and sharing dynamics with other photography enthusiasts.
Reis is featured in private collections and has participated in solo and group exhibitions.
«Orgánico» de José Miguel Reis
La fotografía que presento en esta exposición es parte de un trabajo que vengo desarrollando desde hace varios años y que será publicado en breve.
Se basa en el concepto de wabi-sabi, «un ideal estético japonés con raíces en el budismo zen, que puede definirse como “la belleza de las cosas imperfectas, perecederas e incompletas; la belleza de las cosas modestas, simples y poco convencionales”» [KOREN, 1994, p. 7]. Wabi-sabi enfatiza la aceptación de la naturaleza efímera e imperfecta de la vida. Wabi significa sencillez, elegancia y «rústico», y sabi traduce la belleza de la edad, el desgaste y las arrugas del tiempo.
Intento, por tanto, captar lo «imperfecto» en lo orgánico «como contrapunto a la idea de perfección que se ha convertido en una obsesión en el mundo occidental, llevada al extremo en las sociedades capitalistas, que ven con recelo cada relación y experiencia que no se filtra según los procesos simbólicos del consumo» [ERICSON SAINT CLAIR y JOÃO RIBEIRO, en Poiésis, núm. 205-218, 2016].
Las imperfecciones de una raíz, de una planta o de una hoja al fin de sus días nos permiten contemplar y registrar su belleza oculta, que, intensificadas por los trazos de luz incidentes, provocan profundas e intensas experiencias emocionales.
¡Lo «feo» se vuelve entonces «bello» y «perfecto»!
[Impresión Inkjet, con tinta ecológica Látex sobre papel fotográfico. Dimensiones: 150 x 110 cm]
JOSÉ MIGUEL REIS – Nota biográfica
Mozambique, años sesenta..
Productor gráfico, editor y diseñador gráfico, utiliza la fotografía en su contexto profesional, utilizando sus propias imágenes en varias publicaciones: libros de poesía, ficción, ensayo, folletos institucionales, catálogos, guías y álbumes temáticos relacionados con el patrimonio, arquitectura, la ciudad, espacios y lugares, etc. Se destacan, entre otros, «Prontuário Toponímico Portuense», «Restauro dos Órgãos da Sé Catedral do Porto», «Ponte Luis I», «Estação de S. Bento/ Marques da Silva», «O Convento e a Venerável Ordem Terceira de São Francisco do Porto», «Alberto Péssimo – Ossos do Ofício» y «Guarda. Das origens à actualidade».
Desde muy joven, se dedica a la fotografía en sus diversas técnicas y expresiones, desde las más antiguas, como la camera obscura, pinhole, cianotipo y la fotografía analógica, hasta los procesos digitales actuales. En un aspecto más creativo y conceptual, busca constantemente el registro de imágenes donde la naturaleza, a través de la luz reflejada e incidente, destaca la pureza efímera de sus líneas y formas orgánicas.
Realiza talleres temáticos, donde busca dinámicas de investigación e intercambio con otros aficionados a la fotografía.
Está representado en colecciones privadas y ha participado en exposiciones individuales y colectivas.